Sobre

Jorge Böhm

Autor‑coordenador

Jorge Böhm nasceu a 1 de Julho de 1938, em Neustadt / Weinstrasse, Alemanha.
É licenciado em Economia, tendo adquirido uma experiência de muitos anos no comércio internacional do vinho, após o que estudou, a título voluntário, na Universidade Técnica de Geisenheim, a fim de se preparar para o desafio de criar a primeira empresa de melhoramento de material vitícola em Portugal. Paralelamente, a partir de 1981, fundou a PLANSEL (Viveiro e Quinta de Plantas Seleccionadas), iniciando um projecto de inovação na obtenção de castas e no viveirismo vitícola, tendo elaborado protocolos de colaboração com a FA‑Rebzucht Geisenheim, a Universidade de Évora e a Estação Agrária Nacional (Dept.º de Fitopatologia). O projecto foi reconhecido e promovido pelo banco do Estado Alemão, o KfW‑Frankfurt, no sentido da transferência de tecnologia para Portugal.

Da sua selecção clonal resultaram clones oficialmente reconhecidos de castas e de porta‑enxertos, e ainda duas castas novas resistentes aos fungos da podridão, conforme as regras UPOV. Jorge Böhm foi fundador e director da associação de viveiristas vitícolas VITICERT, delegado na IRV‑CIP – Internationaler Rebveredlerverband – Comité International des Pépiniéristes Viticoles/IAN – International Association of Grapevine Nurseries e presidente da Associação Internacional de Obtentores Vitícolas, em San Michele (Itália), bem como delegado em várias outras federações. A PLANSEL participou em projectos de inovação e transferência de tecnologia (KfW, JNICT, NATO, CE‑quadros, bem como INIA e ADI) com parceiros internacionais tais como BFA Geilweilerhof, FH‑Geisenheim, LALEFO Neustadt, Frauenhofer‑Institut Aachen, Uni Bari (Itália), ENTAV (França), Universidade de Cornell (EUA), Universidade FPS (Davis, EUA), conseguindo resultados concretos na melhoria da qualidade vitícola.

Em 2001, Jorge Böhm reformou‑se da actividade comercial na sua empresa.
A seguir, foi membro do Cluster Porter. Após realizar 7 seminários e workshops, dedicou‑se como organizador ao primeiro Simpósio Internacional da Viticultura, Ciência e Comércio em Portugal, no âmbito da ISHS. Na fase de adesão à União Europeia, começou a coleccionar dados adquiridos em Portugal sobre as castas vitícolas, participando, com intervenções sobre as castas portuguesas, em congressos como o da OIV (Mainz), do ISHS, da FPS (Davis, Califórnia), da ADI (Rio de Janeiro), etc.. Foi coordenador e co‑autor de O Grande Livro das Castas – Portugal Vitícola (Chaves Ferreira – Publicações, 2007) e agora deste livro. No ano anterior publicou uma obra sobre o Marquês de Montemor (Dinalivro, 2010).

Foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem de Mérito Agrícola, em 2006, pelo Presidente da República Portuguesa, Dr. Jorge Sampaio.

O ‘porquê’ deste Portal

A Península Ibérica (Portugal e Espanha), 25 anos após a pré‑adesão à União Europeia, pode olhar para trás e ver um período dinâmico de modernização da sua vitivinicultura. Realizaram‑se inúmeras actividades em todas as fases “do círculo da vinha até o vinho”. O sector profissional da vinha, bem como o do vinho, aproveitaram novas técnicas e tecnologias aplicadas, transferidas da ciência de fora ou nacional, e dos meios financeiros disponibilizados de forma nunca antes vista. Isso causou dentro do velho mundo vitivinícola um desenvolvimento de destaque. Portugal e Espanha mudaram, de países de vinhos baratos ou de matéria‑prima para melhoramento dos vinhos de outros países de inferiores condições climáticas, ou de vinhos rosé ou brancos leves gaseificados, para países de grande competência vitícola. A oferta de hoje é determinada por vinhos de denominações de origem, com castas autóctones adaptadas a situações de elevada diversidade de terroir.

Esta década é um ponto de viragem. Com o final dos apoios da fase de adesão à UE, entrámos na maior crise de endividamento dos últimos séculos (Álvaro Santos Perreira, 2011, PORTUGAL…como vencer a crise nacional). O Estado não conseguiu adaptar as suas estruturas administrativas e responsabilidades sociais às suas receitas; os bancos seguiram a tendência global de financiar a especulação, assim criando bolhas financeiras fora da realidade económica. Após o sector profissional da vinha e do vinho se ter empenhado esforçadamente no caminho do progresso (reconhecido nos concursos internacionais), entrou‑se, de um dia para o outro, na situação da “bomba aspiradora”. Os bancos não conseguem manter as linhas de créditos – pouco antes fortemente oferecidos com juros baixíssimos. Estamos numa drástica situação de “hora da verdade”. Os mercados nacionais sofrem uma drástica queda de preços – consequência do funcionamento brutal das regras de mercados, na situação de concentração da procura comercial em poucos grupos. Actualmente, a única hipótese é a procura de novos mercados fora do país.

A geração dos “criadores da inovação” na vitivinicultura encontra‑se hoje à beira do fim do currículo profissional ou científico. Quem era jovem no tempo pós‑revolucionário e da adesão, agora está reformado, ou no final do currículo. A imensa obra realizada nas últimas décadas entra em perigo de esquecimento e a nova geração pouco vai ser capaz de se lembrar dos inimagináveis progressos realizados na vitivinicultura na fase da actividade desta última geração.

Este Portal do “vine to wine circle” está consciente desta difícil situação e tem como objectivos:

  • Documentar o imenso tesouro da gloriosa história varietal ibérica e dar informação sobre este pólo genético e a sua adaptação às múltiplas situações de terroir desta Península (zona de clima quente com castas próprias autóctones). Em língua portuguesa e espanhola, o site pretende registar este difícil e muito conflituoso caminho das últimas décadas até se atingir o alto nível actual da nossa vitivinicultura, no próprio país e nos países iberófonos.
  • Para dar acesso em larga escala, ao mundo internacional do comércio de vinho, à informação conclusiva sobre os parâmetros dos vinhos de Espanha e de Portugal, aparece em língua inglesa e parcialmente em alemão. A explicação da originalidade das culturas, por escolha empírica segundo a sua adaptabilidade à região e ao clima em milhares de anos, ocorreu somente na Europa. O produto original tem sempre valor, mesmo se o Novo Mundo vitícola conseguir imitar os vinhos do Velho Mundo. A informação técnica e científica é uma medida fidedigna para complementar as actividades comerciais e de marketing.

O ‘vine to wine circle’ transmite todas as informações em português (Angola, Brasil) e inglês (Ásia, Norte da Europa e mundo anglo‑saxónico). A versão alemã é limitada, para não impedir o sucesso do livro, actualmente à venda na Alemanha.

A apresentação, no mesmo site, de dois países deve‑se à existência de um passado e genética de plantas comum. Também acreditamos que esta apresentação transfronteiriça vai induzir um impacto de sinergia a ambos os países, no comércio do vinho.

O portal é resultado da colaboração de cientistas, cada um especialista na sua área, seja em Portugal, seja em Espanha. Anexamos na ‘ficha dos colaboradores’ o nome e o contacto electrónico, para o caso de ter um interesse mais especifico. Eu, como autor‑coordenador deste Portal, estive trinta anos envolvido no processo da inovação do ‘círculo da vinha até ao vinho’, em colaboração com muitas personalidades e instituições técnicas e científicas, nacionais e internacionais, especialmente a Universidade de Évora e o departamento fitossanitário da Estação Agronómica Nacional, e participei em mais de 30 projectos I&D do sector.

Jorge Böhm

Comendador da Ordem de Mérito Agrícola

Montemor‑o‑Novo, Alentejo, Portugal. hjorge.boehm@gmail.com

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