Resistência

Nos anos 90 verificou‑se uma tendência da administração pública para considerar projectos com o sector privado para experimentação e com o objectivo de transferir tecnologias. Assim sendo, a PLANSEL juntamente com institutos internacionais participou em vários projectos de IED, permitindo que estas colaborações resultassem em patentes e exclusividades, permitindo assim uma sobrevivência económica no sector viveirista vitícola nacional.

 

Actividades

As espécies de videiras americanas sofreram, durante milhares de anos, uma evolução para adquirir resistência genética às doenças, como a podridão causada por fungos e a Phyloxera. No entanto, após a destruição da Vitis europeia pelos “flagelos americanos”, tiveram de ser executadas medidas de assistência tanto técnicas (enxertia) como químicas (pesticidas). Mas nos meados dos anos 90 surgiu uma consciência popular a favor da cultura biológica sem a adição de pesticidas sistémicos para manter as culturas. Este foi um passo importante para reduzir a demora do processo natural de resistência adquirida por mutação natural, aproveitando técnicas genéticas utilizadas há muito para culturas herbáceas. A transferência de genes resistentes das plantas de videira da América do Norte foi assim uma opção fulcral. Numa primeira fase foi realizada a multiplicação sexuada interespecífica. Em 1996, com a colaboração da Universidade de Évora, Bundesforschungsanstalt Geilweilerhof e F. H. Geisenheim, foi instalada em Montemor‑o‑Novo pela PLANSEL uma nova colecção de castas resistentes resultantes da hibridação realizada anteriormente nos institutos alemães (Baseado nas híbridos franceses Chanceler e Chamboursin). Foram também realizados em Montemor‑o‑Novo/Évora cruzamentos controlados destas variedades interespecíficas com castas autóctones portuguesas. Após vários ensaios precisos, foram obtidas e registadas, em conformidade com as regras UPOV, duas novas variedades com elevada resistência aos fungos da podridão. Simultaneamente, em 1996, a PLANSEL foi envolvida num projecto da UST/EUA (David Altmann) de resistência adquirida ao vírus, onde foram transferidas sequências moleculares para obtenção de resistência a vírus (urticado e enrolamento) com clones de castas autóctones da selecção da PLANSEL.

Em 1999 foi aceite um projecto científico no âmbito do 5.º Quadro Comunitário com a participação da PLANSEL e outras entidades, como a Imunologia de Frauenhoferinstitut (Aachen), a Virologia de Bari (Giovanni Martelli) e a Grüne Gentechnik de Neustadt (Dr. Reustle), com o objectivo de identificar e transferir genes de resistência de vírus às cultivares Vitis.

Com a iniciativa do 6.º Quadro Comunitário, a PLANSEL, juntamente com a Bundesforschungsanstalt Geilweilerhof e a ICAT (Universidade de Lisboa), apresentou vários projectos para debelar este problema da viticultura: a falta de resistência aos fungos da podridão da América. No entanto, estes projectos não foram aceites na comissão, devido à tendência populista anti‑transgénica. Em 2008 acabaria por ser aceite no 7.º Quadro Comunitário um projecto neste sentido, com vários parceiros, denominado “GRASP”, onde seriam identificadas os genes e as suas funcionalidades de resistência aos fungos da América. A PLANSEL participou, mas nesta fase apenas teve um papel dinamizador da filosofia de uma viticultura economicamente e ambientalmente mais sustentável.

 

Projectos

  • 2001 – 5.º Quadro Comunitário, EC Science – Resistence in Grapevine. Parceiros do projecto: Institut For Biologie Aachen FRAUENHOFERINSTITUT (D); Zentrum Gruene Gentechink Neustadt (D), Universitá di Bari (I).
  • 2002 – AGRO 2: Introdução de novas castas de Vitis vinifera resistentes ao oídio em Portugal. Parceiros do projecto: Universidade de Évora. Estação Agronómica Nacional – Dep. Protecção das Plantas.
  • 2003 – POCTI (EUREKA): Resistência Adquirida aos Fungos de Podridão da Videira – RESISTEVID. Parceiros: ICAT – Instituto de Ciência Aplicada e Tecnologia.
  • 2008 – Foi aceite o projecto GRASP  no 7.º Quadro Comunitário (Resultado de 8 anos de tentativas da PLANSEL), ICAT e várias instituições; Este projecto, relacionado com os fungos de podridão da videira, considerou a PLANSEL apenas como parceiro passivo.

 

Publicações

  • Míldio: A ameaça da Viticultura no Sul da Europa; M. S. Pais, A. P. Jacob, Hans Jörg Böhm; Vida Rural; n.º 1665; pág. 146‑148; Novembro/Dezembro 2000.
^