Tecnologia de Transformação em Ambiente Controlado

Como resultado do projecto PLANSEL/Universidade de Évora, para além do conhecimento varietal, outra inovação adicional surgiu com a fermentação em ambiente controlado, reduzindo a temperatura de fermentação a temperaturas mais baixas, de 18 °C, embora esta técnica já existisse há muito tempo no grupo JMF (responsabilidade do Engenheiro António Avillez). Com enorme capacidade para frio, foram fermentados no Pinhal Novo excelentes vinhos para a mais velha marca do mundo, conhecida como vinho “Lancers”. Este vinho foi exclusivamente exportado, pois a população nacional continuou durante muito tempo a preferir o vinho produzido tradicionalmente, fermentado a uma temperatura acima dos 30°C e praticamente sem aromas interessantes. Inicialmente, muitos técnicos consideraram esta tecnologia de frio como falsificadora do vinho português, considerando‑a não natural. Com os resultados obtidos pelo projecto da PLANSEL/Universidade de Évora, mas ainda dinamizado como um vinho do grupo JMF, o vinho com a marca João Pires surge como um protótipo de um vinho de fermentação fria, com uma estrutura aromática primária e com aceitação exepcional no mercado.

A procura no mercado de vinhos brancos e tintos modernos, isentos do famoso defeito “suor de cavalo” (Brettanomyces) foi assim elevada e já no final dos anos 80 vários foram os tipos de vinhos que entraram no mercado. De referir que neste tempo a Universidade de Évora e outras universidades, equipadas com tecnologias modernas para a produção e análise de vinhos e também com uma estrutura fixa, iniciaram sistematicamente cursos de educação profissional para enólogos e técnicos de adega, surgindo assim como um bom exemplo de política vitícola pública. Esta actividade teve uma aceitação e um sucesso elevados, e fez com que em pouco tempo o Alentejo fosse considerado a maior região produtora de vinho de qualidade em Portugal. Com apenas 10% da superfície nacional de vinho, até ao final do último século, o Alentejo produziu e vendeu, com preço superior às outras regiões, mais de 50% de vinhos de qualidade.

 

Contribuição da PLANSEL

  • Definição enológica de castas de referência (microvinificação)
  • Apoio na classificação enológica das castas (ranking qualitativo)
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