Bastardo (PT)
Variedade: Tinta | Categoria III | Portugal
Ficha da Casta
Bastardo
Origem da casta: Já Fernandes (1532) e Alarte (1712) referem a casta. Fonseca (1790: 33) descreveu-a. Inconfundível, devido à sua capacidade de gerar «doce», Vila Maior (1875) refere-a como sendo muito conhecida em todo o país e «precoce». O Conde Odart (1874) reconheceu a casta como sinónimo, mas de clone diferente, da Trousseau do Jura (F).
Região de maior expansão: Douro. Fora do país, existe na Austrália (Gros Cabernet: 250 ha), África do Sul (para vinho tipo Porto: 188 ha), Califórnia (Chauché noir), França (Trousseau, 150 ha) e Argentina (Pinot Gris de Rio Negro).
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Trousseau (Fr), Merenzano (E), Gros Cabernet (Au), Merenzano, Maria Adorna (E).
Sinónimos históricos e regionais: Bastardinho (Dão, Algarve, Arruda), Abrunhal (Beira Alta), Graciosa (anteriormente, no oficial 147).
Homónimos: Historicamente, havia várias castas homónimas (Ver Marques de Carvalho, 1912, e a descrição de cinco genotipos diferentes de J. C. Vasconcelos, 1941/2). Com a revisão oficial da nomenclatura, em 2000, só existe um Bastardo; mas ainda existem a Bastardo Branco (n.º oficial 36), a Bastardo Roxo (n.º oficial 37) e a Bastardo Tinto (n.º oficial 38).
Superfície vitícola actual: 1.100 ha.
Utilização actual a nível nacional: 0,3% do total de novas plantações.
Tendência de desenvolvimento: Crescente, de nível muito baixo.
Intravariabilidade varietal da produção: Não foi estudado
Qualidade do material vegetativo: Clone certificado 48 JBP.
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
238 | 238 | 235 | 235 | 175 | 189 | 188 | 188 | 245 | 247 | 145 | 153 |
Vinho de Qualidade DOC: «Porto», «Douro», «Távora-Varosa», «Bairrada», «Dão», «Beira interior», «Palmela», «Madeira».
Vinho de qualidade IPR: «Chaves», «Valpaços», «Planalto Mirandês».
Vinho regional: «Trás-os-Montes», «Beiras», «Estremadura», «Ribatejano», «Terras do Sado» e «Algarve».
Extremidade do ramo jovem: Aberta, com média densidade de pêlos prostrados e orla carmim forte.
Folha jovem: Verde com placas ligeiramente acobreadas, página inferior com média densidade de pêlos prostrados.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Ligeiramente estriado de vermelho, média intensidade antociânica dos gomos.
Folha adulta: De tamanho médio, orbicular, trilobada; limbo verde-médio, irregular, bolhosidade média, página inferior com média densidade de pêlos prostrados; dentes médios e convexos; seio peciolar pouco aberto, com a base em V, desguarnecido junto do ponto peciolar, seios laterais abertos em V.
Cacho: Pequeno, cilíndrico, compacto, pedúnculo de comprimento médio.
Bago: Elíptico curto, médio a pequeno (dependendo dos clones) e negro-azul a roxo carregado (a cor do bago varia muito entre clones, nunca sendo muito intensa); película de espessura média, polpa mole.
Sarmento: Castanho-escuro.
Abrolhamento: Precoce, 3 dias após a Castelão.
Floração: Precoce, 2 dias após a Castelão.
Pintor: Precoce, 2 dias antes da Castelão.
Maturação: Precoce, uma a duas semanas antes da Castelão.
Vigor: Médio.
Porte (tropia): Semi-erecto, com sarmentos grandes e alguns horizontais e prostrados.
Entrenós: Variáveis, curtos e médios, alguns reforçados.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Muita, nas varas de ponta.
Rebentação múltipla: Pouca.
Índice de fertilidade: Baixo a elevado. No Douro: Vara no 1.º gomo = 1,15; Vara no 2.º gomo = 1,24; Vara no 3.º gomo = 1,41 inflorescências por gomo abrolhado. Varia muito com o clone.
Produtividade: Índice baixo a médio, conforme clone.
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Regular.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.406 h acima de 10° C com 12 t/h de produção (Montemor-o-Novo).
Producção recomendada: 6.000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: Casta rústica, alguma sensibilidade à falta de Boro (maromba).
Sensibilidade criptogâmica: Alguma sensibilidade ao Oídio e ao Míldio, sensível à podridão.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 24% GLRaV1, 75% GLRaV3, 5% GFkV, <50% RSPV.
Sensibilidade a parasitas: Pássaros, ácaros.
Tamanho do cacho: Pequeno e tochado, 150-200 g.
Compactação do cacho: Compacto.
Bago: Médio (1,3 -1,8 g); mediana facilidade de destacamento e tendência a murchar na maturação.
Película: Não muito espessa.
Nº de graínhas: Média 2,1 por bago; grandes e herbáceas.
Sistema de condução: Todos os tipos. Produz melhor com guyot; a sebe é medianamente fácil de conduzir.
Solo favorável para obter qualidade: Todos os terrenos profundos, secos e quentes. Em solo de xisto, consegue prolongar a fase de vegetação. Adapta-se a diferentes tipos de solos (xisto, barros drenados, aluvião e areia com disponibilidade de água).
Clima favorável: Casta rústica com boa plasticidade a adaptação regional.
Compasso: Todos os intervalos.
Porta-enxertos: Não se conhece falta de afinidade varietal.
Desavinho/Bagoinha: Mediana susceptibilidade.
Conservação do cacho após maturação: A casta deve ser apanhada cedo, quando tiver atingido a graduação desejada (13°).
Protecção contra ataques de pássaros: Sim.
Aptidão para vindima mecânica: Recomendável em situação de reduzidas temperaturas.
Tipo de vinho: Vinho de qualidade, vinho generoso.
Grau alcoólico provável do mosto: 12-14% vol.
Acidez natural: Baixa (4 g/l de acidez total).
Autocianinas totais: 244 mg/l.
Índice de polifenóis totais (280nm) do mosto: 15,1.
Sensibilidade do mosto à oxidação: Sensível.
Intensidade da cor: Muito baixa.
Tonalidade: Muito fraca, com tendência a transformar-se em tons acastanhado com o envelhecimento.
Sensibilidade do vinho à oxidação: Elevada.
Análise laboratorial dos aromas: Não são conhecidos resultados.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Boa. No lote do Porto, contribui para a cor castanha do Tawny.
Recomendação para lote: Vinho do Porto.
Potencial para vinho elementar: Não tem.
Caracterização habitual do vinho: O aroma desta casta é muito característico, lembrando frutos e bagas silvestres quando jovem, evoluindo para composições aromáticas mais complexas, com notas de fumo, café, erva seca, ameixas secas e tabaco. Ao longo do envelhecimento, os vinhos ganham aromas mais complexos e profundos. Com 10 anos ou mais de estágio, surgem aromas de madeira, mesmo em vinhos que nunca os tiveram antes. (Loureiro, 2002).
Qualidade do vinho: Esta casta participa em grandes vinhos.
Particularidade da casta: Casta muito precoce com bom potencial alcoólico, mas sensível, na fase de sobrematuração, à podridão e a murchar.