Trincadeira-das-Pratas (PT)
Variedade: Branca | Categoria III | Portugal
Ficha da Casta
Trincadeira-das-Pratas
Origem da casta: Ribatejo. Referida por Alarte (1712), mas sem se aperceber da homonímia com o Tamarez de Santarém. Descrita por Gyrão (1822) em Borba. Vila Maior (1875) refere o Tamarez (sinónimo deste tempo).
Região de maior expansão: Ribatejo.
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Inexistentes.
Sinónimos históricos e regionais: Arinto Gordo, Boal Prior, Tamarez (Alentejo, Setúbal).
Homónimos: Trincadeira Branca, Trincadeira (tinta). Havia confusão no Alentejo, devido à utilização errada da denominação Tamarez para esta casta. A Tamarez (n.º oficial 279) é uma casta de inferior qualidade enológica, no Ribatejo.
Superfície vitícola actual: 270 ha.
Utilização actual a nível nacional: Só no Ribatejo e em baixa de utilização, inferior a 0,1%.
Tendência de desenvolvimento: Sem significado, abaixo do seu potencial enológico.
Intravariabilidade varietal da produção: Em estudo.
Qualidade do material vegetativo: Material policlonal RNSV; clones certificados 124, 125, e 126 JBP.
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
238 | 240 | 237 | 253 | 189 | 193 | 188 | 188 | 251 | 257 | 143 | 145 |
Vinho de Qualidade DOC: Ribatejo, todas as sub-regiões do Alentejo.
Vinho regional: Estremadura, Ribatejano, Alentejano.
Extremidade do ramo jovem: Aberta, com muito fraca pigmentação antociânica generalizada, média densidade de pêlos aplicados.
Folha jovem: Amarela, com fraca intensidade média de pigmentação antociânica. Página inferior com média densidade de pêlos aplicados entre as nervuras.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Gomos, nós e entrenós verdes. Gavinhas muito curtas.
Folha adulta: Média, pentagonal, com 5 lóbulos; limbo verde médio, perfil revoluto, com fraco empolamento; dentes curtos e convexos; seio peciolar aberto, em U; seios laterais superiores fechados em V; página inferior com média densidade de pêlos aplicados e de pêlos erectos entre as nervuras.
Cacho: Médio, piramidal. Compacto. Pedúnculo muito curto e de fraca lenhificação.
Bago: Pequeno e uniforme, arredondado, de secção regular. Epiderme verde amarelada, de cor uniforme; película de espessura média e fracamente pruinada; polpa não corada, consistência média e pouco suculenta; pedicelo muito curto.
Sarmento: Castanho escuro.
Abrolhamento: 1 dia antes da Fernão Pires.
Floração: 1 dia após a Fernão Pires.
Pintor: 2 dias antes da Fernão Pires.
Maturação: 14 dias após a Fernão Pires.
Vigor: Médio.
Porte (tropia): Semi-erecto, algumas varas deitadas e compridas, plagiotropos.
Entrenós: Grandes.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Não encontrada.
Rebentação múltipla: 21,7%.
Índice de fertilidade: Índice 0,72 (baixa).
Produtividade: Média. Índice 175 (8.000 -15.000 kg/ha).
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Regular.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.650h acima de 10º C com 13 t/ha de produção (Montemor-o-Novo).
Producção recomendada: 6.000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: A uva é sensível à insolação intensa, com Escaldão dos bagos.
Sensibilidade criptogâmica: Alguma resistência ao Míldio e ao Oídio; muito sensível à Botritis.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 5% GLRaV 1, 50% GLRaV 3, 50% GFkV <50% RSPV.
Sensibilidade a parasitas: Apenas a pássaros.
Tamanho do cacho: Médio (250 - 350 g) conforme clone.
Compactação do cacho: Média.
Bago: Médio.
Película: Medianamente espessa.
Nº de graínhas: Em média, 1,7.
Sistema de condução: Qualquer tipo de condução, de preferência cordão.
Solo favorável para obter qualidade: Solos profundos com certa humidade, bem drenados; também terrenos de charneca.
Clima favorável: Climas continentais, abrigados.
Compasso: Adapta-se bem a diferentes compassos.
Porta-enxertos: Todos os adaptados às condições da plantação.
Desavinho/Bagoinha: Pouco sensível.
Protecção contra ataques de pássaros: Necessária, pois é muito procurada pelos pássaros.
Aptidão para vindima mecânica: Possível, no caso de baixa temperatura.
Tipo de vinho: Vinho de qualidade.
Grau alcoólico provável do mosto: Médio (12,5% vol.).
Acidez natural: 5,5 - 6,5 g/l de acidez tartárica.
Sensibilidade do mosto à oxidação: Média.
Intensidade da cor: Vinho claro, de pouca intensidade.
Tonalidade: Cítrica-palhete.
Sensibilidade do vinho à oxidação: Média.
Análise laboratorial dos aromas: Procianidinas oligomeras B1 = 2,0 - 2,6; B2 = 1,2 - 1,3; T2 = 1,1 - 2,4 mg/l.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Casta mais interessante para vinhos jovens, mas com aptidão para vinificação em barrica e, nesse caso, com potencialidades para boa longevidade. Boa aptidão para fermentação e envelhecimento em madeira.
Recomendação para lote: Arinto e Tália.
Potencial para vinho elementar: Boa.
Caracterização habitual do vinho: Vinho de aspecto claro e de pouca intensidade de cor, bem estruturado e de aroma frutado. Boa longevidade, com aptidão à fermentação e estágio em barrica.
Qualidade do vinho: Elevada. Tem originalidade e equilíbrio.
Particularidade da casta: Casta muito precoce no abrolhamento. Contraste forte entre a coloração verde-escura do limbo das folhas adultas e o
verde-claro das folhas jovens (Araújo 1982). Uma das castas que mais contribui para a originalidade dos vinhos do Ribatejo.