Malvasia-Fina (PT)
Variedade: Branca | Categoria II | Portugal
Ficha da Casta
Malvasia-Fina
Origem da casta: Desconhecida. Já Herrera (1515) e Fernandez (1532) referem a Malvasia. Casta muito antiga, provavelmente romana ou, segundo o Conde de Odart (1874), grega. Este autor comparou – e considerou sinónimas – plantas recuperadas de varas desta casta, na Madeira, com plantas da Sicília.
Região de maior expansão: Dão, Douro, mas existente em todo o país.
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Boal (Madeira), Malmsey (Au).
Sinónimos históricos e regionais: Arinto do Dão, Arinto Galego (Alentejo), Assario Branco (Dão), Boal Cachudo, Boal (Madeira), Boal Branco (Algarve).
Homónimos: Existem 12 outras Malvasias oficiais (N.ºs oficiais 168-180, em Portugal). Existem inúmeras castas desta denominação em toda a Europa (só comparando as características moleculares será possível a correlação). Especialmente a Malvasia Branca n.º 170 e a Malvasia n.º 168 causam confusão. A casta é distinta da Malvasia da Madeira (Cândida), a qual foi importada, de acordo com alguns autores, pelo Infante D. Henrique (Cordeiro, 1717; Vieira, 1998). Outros autores referem que foi importada por Dom Afonso V, de Cândia, na Ilha de Creta.
Superfície vitícola actual: 7.000 ha.
Utilização actual a nível nacional: Abaixo de 0,25%.
Tendência de desenvolvimento: Pouco significativa.
Intravariabilidade varietal da produção: Média-alta.
Qualidade do material vegetativo: Material policlonal RNSV; clones certificados 111-117 ISA, clone certificado 127 JBP.
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
226 | 240 | 235 | 235 | 253 | 179 | 194 | 188 | 247 | 251 | 145 | 147 |
Vinho de Qualidade DOC: «Porto», «Douro», «Távora-Varosa», «Dão», «Beira interior», «Lagos», «Madeira».
Vinho de qualidade IPR: «Chaves», «Valpaços», «Planalto Mirandês», «Graciosa» (Açores).
Vinho regional: «Minho», «Trás-os-Montes», «Beiras», «Ribatejano», «Terras do sado», «Alentejano», «Algarve», «Açores».
Extremidade do ramo jovem: Aberta, com orla ligeiramente carmim, elevada densidade de pêlos prostrados.
Folha jovem: Verde, página inferior com elevada densidade de pêlos prostrados.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Verde, com gomos verdes.
Folha adulta: De tamanho médio, pentagonal, com cinco lóbulos; limbo verde-médio, irregular, ligeiramente bolhoso; página inferior com forte densidade de pêlos prostrados; dentes médios e rectilíneos; seio peciolar pouco aberto, com a base em V, seios laterais fechados em U.
Cacho: Médio, cónico alado, medianamente compacto, pedúnculo de comprimento médio.
Bago: Ligeiramente elíptico, pequeno e verde- amarelado; película medianamente espessa, polpa mole.
Sarmento: Castanho-amarelado.
Abrolhamento: Época média, 3 dias após a Fernão Pires.
Floração: Época média, 4 dias após a Fernão Pires.
Pintor: Época média, 7 dias após a Fernão Pires.
Maturação: Época média, uma semana após a Fernão Pires.
Vigor: Médio-elevado.
Porte (tropia): Semi-erecto.
Entrenós: Médios e curtos.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Poucas.
Rebentação múltipla: Pouca.
Índice de fertilidade: Elevado. Vara do 1.º gomo = 1,29; Vara do 2.º gomo = 1,65; Vara do 3.º gomo = 1,72 inflorescências por gomo abrolhado.
Produtividade: Elevada (8-14 t/ha). Valores RNSV: 1,41 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Peso da Régua, durante 3 anos).
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Irregular, devido a ser bastante sensível a Bagoinha.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Constante.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.550 h acima de 10° C com 11,5 t/ha de produção (Montemor-o-Novo).
Producção recomendada: 5.000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: A carência hídrica e a carência de Boro e Magnésio.
Sensibilidade criptogâmica: Bastante sensível ao Oídio, ao Míldio e a Botritis, especialmente na fase da floração.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 30% GLRaV 3, 10% GLRaV 1, 10% GVA, < 50% RsP.
Sensibilidade a parasitas: Mediana à Cigarrinha Verde.
Tamanho do cacho: Médio/grande, comprido e de forma cónica.
Compactação do cacho: Irregular, consoante os anos, 180 g.
Bago: Médio/pequeno cerca de 1,93 g, arredondado, de difícil destacamento.
Película: Medianamente espessa.
Nº de graínhas: Em média 1,35 por bago
Sistema de condução: Adapta-se a qualquer tipo de poda, recomendando-se o cordão.
Solo favorável para obter qualidade: Solo fundos, bem drenados. São de evitar terrenos muito quentes, onde forma passa.
Clima favorável: Suporta vento, é mais susceptível ao stress hídrico (bago engelhado, perde folha).
Compasso: Permite todos os intervalos, conforme o tipo de condução escolhida, o solo e o clima.
Porta-enxertos: Todos possíveis. Em zona marítima e solos férteis, recomenda-se, por exemplo,
porta-enxertos com moderado vigor.
Desavinho/Bagoinha: Susceptível a bagoinha.
Conservação do cacho após maturação: Reduzida, desde que apanhada antes da chuva de Setembro.
Protecção contra ataques de pássaros: Não especialmente necessária.
Aptidão para vindima mecânica: Boa aptidão, com temperatura moderada.
Tipo de vinho: Vinhos espumantes (com vindima cedo), vinhos de mesa de qualidade e vinho generoso.
Grau alcoólico provável do mosto: Médio/ elevado (12 -14% vol). Valores RNSV: 13,23% vol. (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Mangualde, durante 7 anos).
Acidez natural: Baixa (4,5-6 g/l). Valores RNSV: 4,35 g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Mangualde, durante 7 anos).
Sensibilidade do mosto à oxidação: Muito sensível.
Intensidade da cor: Fraca.
Tonalidade: Citrina.
Sensibilidade do vinho à oxidação: Média.
Análise laboratorial dos aromas: Compostos precursores do aroma – Mediana presença de compostos terpénicos, 10,5 μg/l; Linalol, 13,6 μg/l; α-Ter-pineol, 4,3 μg/l. (2003, Douro).
Capacidade de envelhecimento do vinho: Bom potencial para envelhecimento.
Recomendação para lote: A mistura com outras castas do Dão e Douro imprime-lhe a tipicidade e a personalidade própria dos vinhos da região.
Potencial para vinho elementar: Bom para vinho de mesa e espumante natural.
Caracterização habitual do vinho: «No geral, a qualidade do seu vinho corresponde ao apelido fina. Realmente é elegante e fina, mas com pouca intensidade e complexidade, tanto no aroma como no gosto. No aroma, sobressaem alguns cheiros do tipo cera, mel, noz-moscada, e algo fumado, mas com pouca base de sustentação» (N. Almeida, 1998).
Qualidade do vinho: Boa. Em condições ambientais óptimas, pode «obter excepcionalmente qualidade elevada».
Particularidade da casta: Casta europeia de muita tradição, e grandes plantações velhas ainda existentes, mas quase sem novas plantações. Enologicamente, de interesse para vinho e espumante de qualidade.