Síria (PT)

Variedade: Branca | Categoria II | Portugal

Ficha da Casta

Síria

Origem da casta: Trata-se de uma denominação recente. Ainda não era conhecida, no início do último século, por Menezes (1896, 1900). A casta existe no país, desde tempos longínquos, com diferentes sinónimos. Foi referida como Roupeiro, por Alarte (1712); como Malvasia Grossa, por Lacerda Lobo (1790) e Gyrão (1822); como Códega, por Lobo (1790); e como Crato Branco, por Gyrão (1822). segundo o Conde Odart, é o Vermentino da Córsega. Costa (1900) menciona que a casta estava presente em muitas zonas do país, com vários sinónimos. Essa sinonímia foi recentemente esclarecida. Não se lhe conhece a origem; provavelmente, com a utilização de marcadores moleculares, será possível uma comparação varietal transfronteiriça e, consequentemente, os esclarecimentos da origem.


Região de maior expansão: Alentejo.

Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Roupeiro nas regiões do Alentejo e Península de Setúbal.

Sinónimos históricos e regionais: Alvadourão (Dão), Roupeiro Cachudo, Roupeiro (Alentejo), Crato Branco (Algarve), Alvadurão (Dão), Malvasia Grossa, Códega (Douro), Alva (Cova da Beira, Portalegre), Dona Branca (Bucelas).

Homónimos: Roupeiro Branco, N.º oficial 256.

Superfície vitícola actual: 11.700 ha.

Utilização actual a nível nacional: 0,34%.

Tendência de desenvolvimento: Ligeiramente em expansão.

Intravariabilidade varietal da produção: Intermédia.

Qualidade do material vegetativo: Material policlonal RNSV, clones RNSV certificados 70-75 EAN.

VVMD5 VVMD7 VVMD27 VrZag62 VrZag79 VVS2
Alelo1 Alelo2 Alelo1 Alelo2 Alelo1 Alelo2 Alelo1 Alelo2 Alelo1 Alelo2 Alelo1 Alelo2
222 234 235 245 181 181 186 204 247 247 198 153

Vinho de Qualidade DOC: «Porto», «Douro», «Távora-Varosa», «Beira interior», «Ribatejo», «Palmela», «Alentejo» em todas as sub-regiões, «Lagos», «Portimão», «Lagoa», «Tavira».

Vinho de qualidade IPR: «Chaves», «Valpaços».

Vinho regional: «Trás-os-Montes», «Beiras» na sub-região Beira Alta, «Estremadura», «Ribatejano», «Terras do Sado», «Alentejano», «Algarve».

Extremidade do ramo jovem: Aberta, com forte pigmentação antociânica generalizada, elevada densidade de pêlos aplicados.

Folha jovem: Verde amarelada com orla carmim. Página inferior com elevada densidade de pêlos aplicados.

Flor: Hermafrodita.

Pâmpano: Gomos, nós e entrenós verdes. Gavinhas curtas.

Folha adulta: De tamanho médio, pentagonal, quinquelobada; limbo verde médio, perfil irregular, com fraco empolamento; ondulação do limbo junto ao ponto peciolar, dentes médios convexos; seio peciolar aberto, em V, por vezes limitado pela nervura perto do seio peciolar; seios laterais superiores por vezes apresentando lóbulos ligeiramente sobrepostos em V; página inferior com elevada densidade de pêlos prostrados e pêlos erectos.

Cacho: Médio, cónico alado. Medianamente compacto. Pedúnculo curto e de média lenhificação.

Bago: Médio e uniforme, eliptico-curto e verde-amarelado; película de espessura média e medianamente pruinada; polpa não corada, rija e suculenta; pedicelo curto.

Sarmento: Castanho amarelado.

Abrolhamento: Época média, 5 dias após a Fernão Pires.

Floração: Época média, 4 dias após a Fernão Pires.

Pintor: Época média, 9 dias após a Fernão Pires.

Maturação: Tardia, duas semanas após a Fernão Pires.

Vigor: Médio/elevado.

Porte (tropia): Semi-erecto.

Entrenós: Médios e curtos.

Tendência para o desenvolvimento de netas: Média.

Rebentação múltipla: Em 18% dos gomos.

Índice de fertilidade: Baixo, cerca de 0,72 inflorescências por gomo abrolhado (Araújo 1982).

Produtividade: Índice 337. Valores RNSV: 1,96 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Pinhel, durante 3 anos).

Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Produção inicial forte; baixa com os anos, tornando-se aneira.

Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.

Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.600 horas acima de 10° C, com produção de 12 t/ha (Montemor-o-Novo).

Producção recomendada: 7.000 l/ha.

Sensibilidade abiótica: Perigo de Escaldão dos cachos.

Sensibilidade criptogâmica: Sensível ao Oídio e à Botritis, moderadamente sensível ao Míldio e à Escoriose.

Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 5% GLRaV1, 40% GLRaV3, 5% GLRav 2+6, 35% GFkV, <50% RSPV.

Sensibilidade a parasitas: Sensível a Ácaros (aranhiço amarelo).

Tamanho do cacho: Grande (250-400 g), cónico.

Compactação do cacho: De medianamente compacto a compacto.

Bago: Médio (2,6 g), oblongo.

Película: Fina.

Nº de graínhas: Médio, 1,8-2,8 por bago.

Sistema de condução: Guyot duplo ou simples, mas aceita todas as formas possíveis.

Solo favorável para obter qualidade: Requer solos quentes de encosta (Douro).

Clima favorável: Para elevada qualidade é favorável um clima de temperatura quente, moderado, sem grande período de chuva em Setembro.

Compasso: Qualquer tradicional.

Porta-enxertos: Não são conhecidos problemas de afinidade. Todos são possíveis, desde que adaptados ao local da plantação.

Desavinho/Bagoinha: Pouco susceptível.

Conservação do cacho após maturação: Limitado, relativamente sensível à chuva de Setembro.

Protecção contra ataques de pássaros: Deve ser protegida.

Aptidão para vindima mecânica: Possível, no caso de temperaturas baixas.

Tipo de vinho: Vinho de mesa, aguardente.

Grau alcoólico provável do mosto: Médio (12,5% vol). Valores RNSV: 11,83% vol. (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Estremoz, durante 4 anos).

Acidez natural: Média (4-5). Valores RNSV: 5,57 g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Estremoz, durante 4 anos).

Sensibilidade do mosto à oxidação: Não tem.

Intensidade da cor: Pouca

Tonalidade: Clara.

Sensibilidade do vinho à oxidação: Medianamente sensível, dependendo da região.

Análise laboratorial dos aromas: Compostos precursores do aroma – Terpenóides totais: 114 μg/l (97), 170 (98); Benzenóides totais: 681 μg/l (97), 828 μg/l (98); Norisoprenóides totais 210 μg/l (97), 406 μg/l (98).

Capacidade de envelhecimento do vinho: Depende da região. Normalmente pouca.

Recomendação para lote: Arinto, Antão Vaz, Sercial, Rabigato, Cerceal Branca.

Potencial para vinho elementar: Vinho jovem, muito agradável.

Caracterização habitual do vinho: Os vinhos dela obtidos apresentam tons citrinos definidos e um aroma intenso, fino e equilibrado, onde sobressaem notas de frutos tropicais pouco maduros e de citrinos. Ao sabor, os vinhos desta casta mostram algum acídulo, com características frutadas e de juventude marcantes, sobretudo enquanto jovens (Laureano, 1999).

Qualidade do vinho: A Síria na fase jovem apresenta um vinho, por excelência, sempre referido na literatura antiga. Com o envelhecimento, o vinho de zonas quentes, evidencia uma quebra acentuada da composição aromática.

Particularidade da casta: Casta bastante produtiva e de boa aptidão cultural, em quase todo o País. Produz vinhos frutados e frescos, logo após a fermentação. Em zonas altas, alguns dos nossos melhores vinhos brancos foram produzidos a partir desta casta. Era de grande moda no final dos anos 80, mas perdeu significativamente a sua importância nas zonas de baixa altitude, especialmente no Ribatejo e Alentejo, devido à rápida degradação dos vinhos (oxidação).

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